quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Romance itinerante

Tem três décadas que ele viajou.
Eis que se inventou o foguete e danou-se
de querer conhecer o universo.
Disse que traria uma pedra da lua, um diamante do Sol.
Disse que traria as bênçãos de São Jorge
e escamas do seu dragão.
E já faz uma vida que sumiu entre as estrelas!
Mas eis que toda noite olho para o céu
e uma estrela me brilha em especial.
E penso “é ele carregando o diamante entre os dentes,
espada na mão, feição de guerreiro.”
E me sinto sentada no infinito, cosendo nas mãos um crochê de galáxias.

- remexendo coisa velha.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Esforço

Quando nesta época as coisas forem todas escuras
necessita-se de mãos de pura coragem
necessita-se de mãos imundas, imundas de vida
necessita-se varrer os escombros mais duros, as crostas mais antigas
necessita-se a sede - ah, como é necessária a sede fremente de verdade.
E só então tudo ressurge em completa luz.

Mas para tal, precisa-se de um quarto olho que nos dê mais do que nossa intuição mesquinha.

Um quarto olho, um olho que sonde e aceite a verdade impura de nossa alma.
Um quarto olho, um olho que entre no meio do redemoinho das coisas e, palpitante, revele e destaque a hora da pausa.
Um quarto olho, um olho que enxergue além da essência, porque, às vezes, o fundo da essência é duro.
E só então, exposta a verdade, a vida assuma-se sem pretextos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Minha resposta (sem que ninguém tenha perguntado)

Metapoética
Quero escrever como escrevo,
despretensiosamente.
Na diferença,
reside minha liberdade.
Se o padrão me execra,
alguém no mundo se encanta
com minhas palavras.
No máximo, organizo-me
para meu maior prazer.

- Tinha que postar essa primeira por desencargo de consciência.

sábado, 3 de novembro de 2007

Por trás do espelho. (ou a verdade do amor)

Sutilíssimo
Deixe-me arrepiar tua nuca
com dedos de mestre
que tenho guardados
para singela ternura. Posso?

Suspiro uma tez volátil.
Algo de seu resvala no íntimo,
preciso vomitá-lo, revelá-lo, tocá-lo.
Gravar na tua superfície
marcas de minha paixão. Posso?

O que desejo é uma montanha,
um vulcão adormecido:
sustento o sonho furtivo
de uma prepotência minha
exclusivamente para você. Posso?

Esconde coisa que me pertence,
mas não há para onde correr.
O abstrato e a essência,
desde que predominam,
são deliberadamente meus. Posso?


Por Dona Lânguida, em seu mundo de amor.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O umbral entre a luz

Metamorfose
O fio da navalha corta;
o sangue é evidência efêmera.
Subsiste certo atrito com o tempo:
eis a prova de fogo
da exatidão da lâmina,
exausta de tanta guerra.

Por Dona Nervosa, da beira do cais.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Dossiê e alma
Mergulho em palavras:
São nessas horas em que vivo,
quando não-sou.

Desde que o sempre é sempre
E o tempo é tempo
Preexisto minha essência, lenta, cativa
(LATENTE)

E só então me crio, amálgama inventado.

Por Dona Plácida e sua leveza.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A primeira paz

Religião
Amor, amor, deixa-me dar-te um último beijo
Beijo fúnebre, com sabor de morte
Depois me tornarei frio
E escaparei de tuas mãos.

Dá-me teus últimos lábios,
agora morro em lástimas
E aos poucos minha essência derrete
Pra caber na terra inexorável.
(Se ainda quiseres lembrar-te de um
último gosto meu, leva meus olhos
no espelho da tua mente

e bebe neles a gota derradeira de emoção.)

Por Dona Plácida e suas lágrimas mornas.

sábado, 15 de setembro de 2007

Eclipse d'alma.

Paixão
Quando olho dentro de olhos pretos
meus olhos se tornam pretos
e o azul do dia escurece.
E tudo se inclina
diante da curva de uma perspectiva

Mas veja que incrível: a face vermelha
e os olhos pretos.


Por Dona Lânguida e seus sonhos de amor.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Um belo dia, eu ousei ser surreal.

Poema translúcido
A água n'água não ferve
É bolha peremptória:
Há carência de idéia, de vida.
Sinfonia vitoriosa, acquamares.
Espelho vivo, corro de lua pra dar na vida.
Pra ter idéias.

Por Dona Nervosa, a frustrada.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Esqueçam o espelho d'água. Por um instante, por um segundo. Agora vou falar de coisa séria.
Tenho pensado muito acerca das poesias que venho fazendo desde quando me meti a fazer poesias outra vez e não cheguei a uma boa conclusão.
Sinto que minha poesia é uma ilha que não busca conexão com quem vai lê-la. Isso me deixa chateado.

Primeiro, porque sei que esse é um erro velho, cometido por nossos queridos românticos. O ditado já diz: "errar é humano. Repetir o erro é burrice." E como a ficha caiu, logo mais haverá modificações no que eu escrevo. Não sei: conteúdo, forma de expressar, enfim. É aí que entra o segundo motivo que me deixa chateado.

O projeto Espelho D'água segue FIELMENTE essa linha que eu reconheço como... hum... obsoleta e desgastada e da qual estou tentando me desligar como forma de ultrapassar minha poética e de reciclar o que venho produzindo. Espelho D'água talvez até tenha algo de mais universal e conectivo, principalmente em sua vertente niilista e existencial. No resto, entretanto, devo reconhecer a existência desse sentimentalismo medíocre e reduzido a uma perspectiva individual. Até a forma como o projeto se organizou (meus projetos têm vida própria, são "mero fruto do acaso", meu acaso, por sinal) é isolada dentro do pequeno mundinho de Yuri.

Vejam só, que ironia. Eu rompendo com eu mesmo. (olha, gente, eu tô crescendo! hahahahaha)

domingo, 19 de agosto de 2007

A essência, o tempo e a falta de espaço.

Verso fluido
Ah! que vontade de não-ser
ou então ser bem pouquinho
passar dias
passar horas
passar (s e r a r)
ver através de um pedaço opaco de tempo.

e então, quem sabe, a perspectiva.

Por Dona Nervosa, aquela que não-é.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Depois, a essência.

Minha ausência prolongada se justifica pela preparação de meu novo conceito, aqui já apresentado a vocês. O layout do blog foi modificado, afinal este espaço é uma forma de eu expandir os conceitos com os quais trabalho em meus projetos poéticos. Não vou fazer como fiz na fase Plurilógico e colocar uma introdução enorme, esquadrinhando o conceito e suas circunstâncias.
Lhes apresento, todavia, três moças, as damas de Espelho D'água. Elas são uma simbologia do conceito, da forma como ele foi trabalhado, das vertentes dentro do projeto, enfim. A primeira é Dona Nervosa. Ela lhes trará os poemas de dor e pessimismo, com sua eterna atitude niilista, onde as coisas partem da multiplicidade de seres para o mais completo não-ser. A segunda é Dona Plácida. Com seus ramos de esperança, desata os nós e refaz a tranquilidade. E a terceira é Dona Lânguida, dama de aura platônica, sempre (mal-)envolvida com o amor. Tem os dois pés presos numa terra de vento, por isso quase sempre colhe tempestades.
Então, não será Yuri Assis aquele quem vai apresentar os poemas, mas sim essas damas translúcidas.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Primeiro, vem a sombra.

One of these days... soon, very soon. (quase sempre, sinto que o que faço ou é feio ou é desinteressante)

sábado, 14 de julho de 2007

Flores na tumba de Plurilógico.

Enquanto o conceito fluido e azul se maquia no camarim, preparando-se para debutar em valsa delirante, a mente sopra um cheiro de maré. E como forma de fazer homenagem póstuma ao período plurilógico, eis o sincretismo do Diversos Afins.
Por enquanto, ando de luto pela plurilogia, essa deglutição de mundos diversos.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Rosto cru.

Eis a última poesia de Plurilógico que lhes trago. Tentei aqui digerir mundos diversos através de uma abordagem cosmopolita e acredito ter tido êxito em meu intento.
Como lhes disse, as duas últimas poesias seriam intimíssimas, sendo a primeira pertencente à Bolha Íntima e esta de agora pertencente ao Buraco da Fechadura. Eu diria que hesitei e pensei um tanto antes de postar tal poema, pois ele é o rei dos demônios que dançam atrás da porta trancada. Não vou me demorar em explicações ou algo do gênero: eis o poema, o resto é com vocês.

Íntimo folclore
Sou sangue nas veias do moço bonito
E ele tão triste em meus braços
É a carne dele na minha?
Solitária ou terna, talvez precisa.

Quer ele, queremos nós
Nossas gargantas entrelaçadas
Que disparam a um simples olhar, sinal:
É minha e dele a carne.

É tão incrível, uníssono singular
Tocamos as cordas da vida
E a sinfonia é harmoniosa:
Gosto da boca dele, vazia.

Talvez atemos nós
Talvez formemos um todo:
Sejamos uma língua
E a sangria é secular!

Gosto da crueza de seus passos
Objetivos em meus gestos.
O sangue que escorre é nosso;

É dele a carne minha.

- By me®

Há uma música. também de Björk, que se identifica com a poesia, música essa chamada Pagan Poetry.
Termino a fase Plurilógico com essa postagem. Em agosto-setembro, nascerá o novo conceito, que é fluido, azul, deliqüescente, simples, puro...
A quem comenta, os frutos de gratidão.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Versos de intimidade.

Essa é a penúltima poesia de Plurilógico que escolhi pra publicar no blog. Os dois últimos poemas que escolhi pra publicar são poesias intimíssimas, já preparando terreno para a entrada do conceito fluido, azul e introvertido que vem a seguir, que vem dar suas caras em agosto-setembro.
Minha intenção ao escrever esse poema foi bem simbolista, portanto abro as portas da sugestão, sem jamais definir. Em alguns momentos acredito em definições como limites.

Virgindade
Na noite taciturna
Duas mãos brincam em uníssono
No escuro, caladas, quietas
Confidentes e secretas

Na forma infinita do amor
Inventam tesouro em baú humano
Em poucas palavras, tecem teias
de fina sutileza etérea.

Silêncio: um sussurro perdido se esconde no tempo.


- By me®

Aproveitando, aí vai uma sugestão: tem uma música, chamada Cocoon, de uma cantora chamada Björk, que complementa a compreensão e ajuda a sentir melhor a mensagem que eu quis passar. No momento, eu apenos sugiro e pronto.

Obrigado a todos que comentam.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Filosofias subliminares.

Plurilógico está chegando ao seu fim e, aos poucos, vejo despontar azuis raios de manhã. Em agosto, um novo conceito vai dar as caras no blog, um conceito azul e fluido, que simplesmente não deseja ser. Porém, a verdade se esconde detrás do espelho. Alguém adivinha, alguém entende? Só em agosto.
Por enquanto, continuemos com Plurilógico e sua aura agora já crepuscular. A poesia que trago hoje pertence ao Caramanchão e é sobre a mente se olhando no espelho e vendo o que existe por trás de toda verdade.

Despojo
Nessa fantasia eu me escondo
e crio imenso labirinto.
Ergo paredes e corredores e?
Já não verás a mim.

É a mente-floresta
com seus medos-mitos
sua forma fantástica
seu secreto linguajar.

Nesse casulo sereno
há um desafio travado:
faces recortadas, duplas intenções.

No desejo de crescer,
esconde-se a morte
e a mente se revela:

hoje à noite, na sala de jantar.

- By me®

A quem comenta, mais uma vez frutos e flores de gratidão.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Pequenos brilhantes.

Em Plurilógico, fiz um pequeno poema que falava sobre força de vontade, como o desejo vai fixando suas raízes fundas na alma a partir de pequenas vontades. Devido à sua simplicidade e à sua objetividade, o considerei como um pequeno brilhante, uma gota tímida de orvalho desafiando um deserto. Tímida, entretanto sólida, consistente, certa de onde estava, o que fazer e onde se infiltrar. É o embalar suave de um sonho durante a travessia da estrada árida, porém certo de alcançar a outra margem.
Essa poesia pertence ao Caramanchão, onde a mente senta, bebe chá e fica grávida do mundo, admirando sua beleza, em tenras filosofias.

Minimalistas
Sou todo vontade, vontade boa
Bucolismo ortodoxo e tão pureza
Canto de voz, o que há na minha
Vontade que dá de tarde e à noitinha.


A quem comenta, fica os frutos de gratidão.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ctrl+Z.

O tempo vai me saboreando aos poucos, tanto que não postei esse final de semana.
Serei breve quanto a essa postagem: a poesia que trago hoje fala do gesto impensado e do arrependimento. Creio que seja trazido, de certa forma, um sentimento de irreversibilidade, embora eu acredite que possamos modificar o que fizemos de errado lá atrás. E fazer certo ou quase certo aqui na frente. Em Plurilógico, eu fechei a "Bolha Íntima" com essa poesia, que já carrega em si as tonalidades do "Buraco da Fechadura".

Por, fim, aflição
Foram nessas horas
que me armei de orgulho
e te bati a face
num gesto irregular

um momento instantâneo
intenso e contemporâneo:
todo o meu amor esvaiu-se em sangue
e encontrou o mar.

agora só o silêncio te acompanha
em tristes brumas, ondas vagas
temporal e vento: sussurros esparsos

tempos ímpares, espaços desiguais.

- By me®

Restam uns quatro poemas de Plurilógico pra eu publicar aqui. Enquanto isso vou trabalhando com meus novos poemas, brincando com novos conceitos que espero florescerem no blog em meados de setembro. Obrigado a todas as visitas, dessas pessoas maravilhosas que enchem vistas e corações.

domingo, 27 de maio de 2007

Cru: -eldade, -eza, -cial, entre outros.

Mais uma vez uma pitada de ódio, ironia ácida.
E essa escuridão lancinante, que foge incessantemente do sol e das janelas da alma.
Inerente e inexorável, todavia. Cheia de taras, braços, cabeças, bela besta.

Ódio cru
Lua infame cresceu na rua
Virou mendiga, catando lixo
Gosto dos trapos dela,
da sujeira com que se orna.

Enquanto ela furta na noite,
lambo suas feridas
É nela que me vejo espelhado,
meus instintos de gato.

Entretanto, arranjei um amigo
e venho me cansando de seus farrapos,
sua boemia noturna.

Na serenata de horrores, cantamos:
Navega lua, navega
estamos fartos de teu brilho desistente.
Meus olhos de lince precisam da tua luz?
Navega lua, navega.

E não volta mais.

- By me®

terça-feira, 22 de maio de 2007

O escuro.

Como uma forma de quebrar a linha altamente intimista à qual venho seguindo desde quando comecei a apresentar os poemas de Plurilógico, decidi trazer à tona uma poesia do Buraco da Fechadura (mais uma divisão de Plurilógico).
A idéia com a qual trabalhei no Buraco da Fechadura foi o instinto, os elementos que fazem parte de nossa vida, mas que preferimos não mostrar e que ninguém quer ver ou saber a respeito. É onde maquiamos o rosto cru e só então saímos para a rua.
Os demônios íntimos encontram seu lugar atrás do Buraco da Fechadura. A raiva, o ódio, as tonalidades fortes. Necessitamos dar essa grande descarga, não apenas pelos outros, mas por nós mesmos. Precisamos de um lugar para ser quem somos sem se preocupar com ninguém e deixar tudo isso apenas ali, sem trazer para os outros, para o mundo.
A poesia que trago hoje fala de raiva.
Senti tanta raiva quando fiz esse poema, que ele foi uma forma de escoar esse sentimento e digeri-lo, sem grandes agressões ao meu mundo íntimo ou à minha relação com essas duas pessoas. Simplesmente não achei justo o casulo que estava sendo criado, era muito cruel, muito egoísta. Muito sem-vida.

Monopólio de corações
Enquanto ele rouba o compromisso
Ela fica feliz e sorri e rodopia

Enquanto ele enfeita as manchas
Ela saltita no ar, formando triângulos de fogo

É perigoso, dramático, cheio de dor
Mas essa foi a forma que eles encontraram
de ornar a rosa com espinhos.

E sangra em demasiada agonia:
eles formam um circo serelepe
de eternos horrores

A raiva cresce, o egoísmo adia
mas eles estão de pernas pro ar:
E aí, e daí?
Há vida, não há?

É isso que importa.

- By me®

Incansavelmente, incessantemente, implacavelmente agradecendo a todos que continuam comentando aqui. Obrigado!

sábado, 12 de maio de 2007

Êxtase, alegria e tudo girando.


Chão de estrelas
A moça rodopia entre pirilampos
Doirada e vivaz, em dose tão cavalar
Gosto de vê-la dançar, doce sinergia
Felicidade, nostalgia, mar

É você tão bela no meu espelho
e a vida ao redor de tudo:
vida ao nosso redor

Imperativa e maior.

- By me®

Na postagem passada, em minha ânsia de libertar, esqueci de dizer que a poesia "Pombas na praça" faz parte do Caramanchão (uma das divisões de Plurilógico). No Caramanchão, a mente senta, bebe chá, se deixa envolver pela natureza ao redor e floreia, (re)pensando a vida, suscitando questionamentos e reformulando.
Essa poesia que estou apresentando hoje a vocês vem da Bolha Íntima, assim como os primeiros poemas de Plurilógico que apresentei aqui. Acredito que ela fale por si mesma e dispense comentários.
Continuo agradecendo todas as pessoas que comentam aqui. Obrigado!

domingo, 6 de maio de 2007

Liberdade, liberdade, liberdade. E asas.

Até agora, minhas postagens começaram com textos e finalmente a poesia. Hoje me deu vontade de inverter isso, talvez pra permitir que as pessoas que me lerem possam tirar suas próprias conclusões. Uma forma de não me sobrepor aos pensamentos dos outros, não induzir ninguém a pensar o que quero que pensem. Talvez hoje eu tenha resolvido não manipular, como uma forma de libertar.

Pombas na praça
Andorinhas irrequietas
quereis ser como vós
tão livres e doiradas
Ainda tão arcaicas e modernas!

Andorinhas irrequietas
Espalhai vosso canto pelos jardins:
as moças casadoiras batem palma
para a célebre revoada agitadiça.

- By me®

No fundo, no fundo, acredito que todos nós tenhamos esse desejo silencioso e profundo de ser pássaro. Sonhamos todos os dias com a liberdade: ser livre de nós mesmos, ser livre do mundo, ser livre das obrigações, ser livre das situações desconfortáveis. Desejamos a fluidez das coisas e da vida, um percurso liso, sem vírgulas.
Ora, não houvesse conflitos e não seria vida. Não houvesse desafios e cairíamos num marasmo prolongado.
Devemos objetivar a liberdade, mas conscientes de que sem pedras, não há castelos.
Hoje escrevo pouco, talvez ainda na tentativa de libertar mentes e de não impor o que penso demasiadamente.
Deixar uma pincelada do meu imo, mas sem descolorir imos alheios.
Viva a múltipla interpretação da poesia!

Obrigado a todos que continuam visitando o blog e deixando seus comentários que acendem a alma.

sábado, 28 de abril de 2007

Um moço na janela: miragens.

Continuando a lhes apresentar Plurilógico, como quem recebe hóspedes em casa humilde.
Ainda no Quarto, exploro a Bolha Íntima e sua estrutura frágil e efêmera.

A poesia que trago hoje fala de ilusões, miragens perigosas que à primeira vista nos chamam como sereias, mas que desaparecem quando nos julgamos estar perto de conquistá-las.

Sonhos são sonhos, são metas e projetos dos quais nos tornamos grávidos e ansiamos em torná-los reais, em materializá-los. O sonho, essa estrutura aérea, fluídica, que vaga no espaço-tempo, é controverso por ser o que há de mais coeso dentro de nós. É através dele que nossa intimidade finca os pés no chãos, se projetando no espaço da realidade. É mais do que importante sonhar: quem não sonha, não vive. Quem não sonha, não sabe o que são flores. Quem não sonha vive o duro e seco da terra, faz da própria passagem por esse mundo uma trajetória árdua, sem vírgulas, exclamações, interrogações, dois pontos, etc.
Ilusão é diferente. Ilusões são truques dos quais as mente se utiliza para se convencer e acreditar em uma visão falsa do mundo, da vida, das pessoas. É quando a mente mente. É o subterfúgio mais desonesto. É quando os desejos são tão fortes que estão muito além de nossa capacidade de superar a realidade, de nos superar.
Eu escrevo sobre ilusões já esperando que alguém discorde de mim. Mas peço que mergulhem na minha visão.
O sonho pode se tornar real, basta que nos esforcemos e que não desistamos, o sonho é semente que podemos plantar em solo fértil. A ilusão intoxica a mente e simplesmente não há solo que a receba. É o desejo do ser humano de modificar a realidade de acordo com seus anseios, atropelando os sonhos alheios.
O sonho é um direito, a ilusão, um egoísmo.
E quando a gente se permite viver esse egoísmo é o mesmo que colocar lentes grossas e erradas em nossos olhos, a mente distorce a vida.
Não minto e confesso que eventualmente me entrego a certas ilusões e sempre que isso acontece, o tempo me foge e colho um punhado de dor. Então tornam-se necessárias doses cavalares de realidade e isso dói.

Saber diferenciar um sonho de uma ilusão é como separar trigo do joio, tarefa ingrata que necessita cautela.
A poesia que trago hoje chama-se "Os sonhos do moço na janela", moço que se entregou e agora não-é.
Às vezes, acho que esse moço sou eu. Às vezes, acho que esse moço é a forma como eu vejo alguns amigos.

Os sonhos do moço na janela
Ilusões apareceram pela manhã:
ouvia sereias chamando
aquele convite sugestivo, sussurrado.

Nos lábios doces de veneno,
a voz melodiosa ressoava
E eu cedendo, me entregando
àquele prazer inefável, fora de mim.

Joguei-me num abismo
para nunca mais voltar
E por ironia do destino,
agora sou mar, sou mar.


- By me®

Continuo agradecendo a todos que vêm visitando o blog, deixando seus comentários cheios de luz, calor, alguns azuis, outros solares. Obrigado.

sábado, 21 de abril de 2007

Plenilúnio: quando alguém ilumina o imo.

Plurilógico vem à tona e junto suas poesias.
Como grande anfitrião que lhes apresenta a casa, escolherei uma poesia que classifiquei como pertencente ao Quarto e que coloquei na seção Bolha Íntima.

Acredito que todos nós estejamos na vida num grande processo de maturação. Maturação que se dá através das pessoas ao nosso redor, das situações que criamos. Tudo está para se encaixar num grande quebra-cabeça e esse é o mágico da vida: os conflitos, os questionamentos, as quebras, as novas configurações. Essa possibilidade de mudança em busca de um equilíbrio maior.
Estamos atraindo com nosso comportamento indivíduos que se afinizem com ele, espelhos d'alma. E vez ou outra temos a sorte de encontrar aqueles que conseguem refletir a luz que trazemos latente dentro de nós e nos ajuda a torná-la mais consciente em prol de nós mesmos e da vida.
Entretanto, como estamos todos buscando um equilíbrio maior, acontece dessas pessoas precisarem seguir outro caminho e então achamos nossa vida bifurcada, com uma luz a menos.
A poesia que trago chama-se "Plenílunio", que é o momento em que a Lua se encontra cheia.
Acho que "Plenilúnio" é uma espécie de carta a essas pessoas especiais que nos fazem imensa falta e como elas conseguiram fazer a diferença em nossas vidas, nos enchendo de luz, nos tornando grandes Luas.

Plenilúnio
Lua ensolarada fez hora no meu jardim
brincou com as borboletas,
encantou os pássaros.
Beijou as janelas, cheirou as flores.

Lua divertida visitou-me o coração
Inundou meus olhos, refratou os raios
de minha própria luz.
Agora sou arco-íris e ela?
Ela é toda-criança.

Lua madura ensinou-me a sonhar
Tornou-me espelho de um reino
Floresta rica em mistério

A lua foi-se embora velha
pronta pra renascer.
Cheia de mim mesmo e eu?
Fiquei vagando pela sala,talvez sem rumo, talvez eu mesmo.


- By me®

Além de pedir dicas valiosas, estou procurando formas de expandir a divulgação do blog. Portanto, vocês que visitam, divulguem para aquelas pessoas que gostem de textos e poesias.
Obrigado pela visita de todos.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Plurilógico: do sincretismo ao vigor da mente.

Desde o ínicio desse ano, em fevereiro pra ser mais exato, eu venho trabalhando um novo conceito em minhas poesias. Descobri a palavra "sincretismo" agora, mas já estava grávido de sua idéia desde quando voltei a fazer poesias.

Enquanto estive em Salvador, no período de férias (?), eu passei por situações difíceis que me fizeram dizer: "Basta! Salvador não tão cedo!" E a dificuldade dessas situações e a forma como elas me atingiam, começou a interferir nos meus poemas. O cerco se fechou de um jeito, que as idéias foram todas embora. Por mais que eu quisesse fazer um poema, não saía. Cheguei inclusive a me questionar se o que eu havia feito tinha sido um surto hehehe.
É como se as pessoas de Salvador tivessem colocado sobre mim determinado peso forte o suficiente para impedir a circulação do sangue para o corpo todo. De certa forma foi até bom, porque pude pensar em compilar, juntar todos os poemas que eu havia feito até ali e produzir uma obra poética. Eu cheguei inclusive a pensar em categorias para organizar os poemas e fazer algo bem feito e criativo, mas até essas idéias sumiram.
O título da obra ficou, mas a forma como eu ia organizar o interior da obra dissolveu-se na minha confusão de emoções e pensamentos e etc.

Dessa forma, nasceu "Sinestésico: para sentir mais, para sentir melhor" que é uma visão simplista sobre os poemas que produzi até o início de janeiro desse ano - quando ainda havia sangue nas veias.
Ou seja, eles estão todos lá, mas simplesmente estão, desordenamente, de uma forma pouco coesa.

Quando voltei a Recife e pude voltar minha atenção ao que realmente valia a pena naquele momento - o recomeço das aulas, a perspectiva de estar no 3º ano, meus amigos dos quais estava com saudade, meu quarto do qual eu estava morrendo de saudade, minha solidão - o peso se dissipou por si só, outras coisas ocuparam a minha mente e o sangue voltou a fluir. Mas, assim como acontece no corpo, não tive o movimento recuperado de forma imediata e sim bem aos poucos e com alguma dificuldade. Assim, minha inspiração começou a voltar.
Como já havia juntado, compilado todos os poemas anteriores, os poemas que viessem depois desse período improdutivo e difícil só poderiam pertencer a outro conjunto, a outro universo.

O título, que marca a idéia que reina nesse novo universo, é "Plurilógico: muitos em um todo, todos em um só".
"Plurilógico" traz a idéia do sincretismo, do amálgama, da grande mistura do mundo. É como se vozes diferentes, cada uma em seu tom, cantassem uma grande canção, mas ninguém se sobrepõe a ninguém, todos coexistem e se complementam. Além de trabalhar esse conceito, "Plurilógico" é uma declaração de amor às minhas idéias, mas não com uma intenção egocêntrica; é uma pessoa que ficou algum tempo sem produzir e voltou a fazer o que ela mais gosta, então ela de certa forma supervaloriza isso, mas não com ostentação: algo muito de si para si, invisível e que se processa no imo. É sangue correndo solto nas veias.
Para dividir bem os poemas de "Plurilógico", me baseei nos cômodos da casa, na idéia que cada um deles traz e na interdependência existente. Logo mais, vou estar publicando os novos poemas.

Obrigado a todos que lêem - poucas pessoas, eu sei... -, é importante pra mim de certa forma.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Rompendo o casulo.

é, hoje eu escrevi um montão, mas por favor, tenham paciência e prometam q vão ler... - carinha de pidão hehehehehe -
Bom, geralmente eu costumo gostar do que uma minoria gosta.
Então não tenho muita certeza se existem mtas pessoas se sentindo dessa forma, mas eu tô sentindo uma necessidade urgente de me reinventar.
A carapuça já não serve mais.
Nunca estive tão adolescente como agora! Eu achava que nos 16 eu estaria a um passo da maturidade e então?
Aos 16, eu estou sentindo vontade de jogar tudo fora e começar do zero.
Isso começou com algumas perguntas: entenderam de me fazer olhar pra dentro e decidir o que era lixo, o que prestava, o que não dava mais, o que era, o que é, o que já foi...
As poesias antigas parecem pertencer a um passado distante que não combina mais...
A forma como eu me organizava em torno de mim mesmo e ao redor dos outros tornou-se obsoleta.
Tá sendo de certa forma sofrido colocar velhas poesias nesse blog.
Eu tô tão cheio de idéias novas, escrevendo coisas cada vez mais novas, cada vez mais no meu momento emocional, que as coisas antigas de repente parecem... lixo?
Eu ainda gosto das minhas poesias antigas...
Mas a necessidade de mudar e de fazer algo novo é tão grande, que ficar acenando pro antigo torna-se... uma espécie de fardo.
Vou publicar uma música e um poema - antigo - hoje.



Sinestésico

Foi brincando com a lua
que comecei a ouvir ruídos da verdade;
eram como os sussurros de amor eterno
orvalho secreto no âmago da noite.

Senti um cheiro esquisito,
cheiro que vem de dentro:
é a essência do mais puro ser!
Mas ainda assim tão esquisito...
Talvez não fosse como se esperava.

Olhei e vi e não vi mais
tua luz me ofuscou na multidão.
Quanto egoísmo fazer-me cego para ti!

Senti teu gozo e me foi suficiente:
quando viver-morrer não faz mais sentido,
existir é paraíso ou agonia?

É óbvio: esse gosto amargo criamos
juntos da consequência de sermos
crianças para sempre.

- By me®


PLUTO - Björk (eu disse pra se acostumarem a vê-la por aqui...)
excuse me (com licença)
but i just have to
explode (mas eu tenho simplesmente que explodir)

explode this body
off me (explodir esse corpo pra bem longe de mim)

i'll be brand-new (eu estarei novo em folha)
brand-nem tomorrow (novo em folha amanhã)
a little bit tired (um pouco cansado)
but brand-new (mas novo em folha)

sábado, 17 de março de 2007

Inicialmente perdido.

Primeiro e antes de tudo: quero dizer que sou novo aqui.
Então se o layout do blog não é lá dos melhores, já sabem: eu tô engatinhando nisso de blog ainda...
Tô publicando esse blog pra ver no que vai dar.
Vou publicar algumas poesias, que faço, aqui e ver se alguém visita e se interessa em dar uma olhada: vai saber né?
E também pretendo publicar algumas letras de músicas que acho simplesmente perfeitas!
Digo logo: se acostumem a me verem falar de Björk por aqui...
eu a acho uma artista e tanto e admiro muitooooo o trabalho dela.
Acostumem-se também a me verem publicar algumas mensagens espíritas: eu sou espírita e acho coisas que são perfeitas dentro dessa doutrina.
No mais, eu sou um jovem de 16 anos que adoooooooooooooooooora viajar na maionese XD~ (se acostumem com o XD~ também!)(pra quem não sabe XD~ é uma carinha rindo... o X são os olhos e o D é a boca!)

espero que alguém veja isto aqui: criar um blog é como sussurrar no meio de um furacão.



Romance Itinerante

Tem seis décadas que ele viajou.
Eis que se inventou o foguete e danou-se
de querer conhecer o universo.
Disse que traria uma pedra da lua, um diamante do Sol.
Disse que traria as bênçãos de São Jorge
e escamas do seu dragão.
E já faz uma vida que sumiu entre as estrelas!
Mas eis que toda noite olho para o céu
e uma estrela me brilha em especial.
E penso “é ele carregando o diamante entre os dentes,
espada na mão, feição de guerreiro.”
E me sinto sentada no infinito, cosendo nas mãos um crochê de galáxias.

By me®