sábado, 28 de abril de 2007

Um moço na janela: miragens.

Continuando a lhes apresentar Plurilógico, como quem recebe hóspedes em casa humilde.
Ainda no Quarto, exploro a Bolha Íntima e sua estrutura frágil e efêmera.

A poesia que trago hoje fala de ilusões, miragens perigosas que à primeira vista nos chamam como sereias, mas que desaparecem quando nos julgamos estar perto de conquistá-las.

Sonhos são sonhos, são metas e projetos dos quais nos tornamos grávidos e ansiamos em torná-los reais, em materializá-los. O sonho, essa estrutura aérea, fluídica, que vaga no espaço-tempo, é controverso por ser o que há de mais coeso dentro de nós. É através dele que nossa intimidade finca os pés no chãos, se projetando no espaço da realidade. É mais do que importante sonhar: quem não sonha, não vive. Quem não sonha, não sabe o que são flores. Quem não sonha vive o duro e seco da terra, faz da própria passagem por esse mundo uma trajetória árdua, sem vírgulas, exclamações, interrogações, dois pontos, etc.
Ilusão é diferente. Ilusões são truques dos quais as mente se utiliza para se convencer e acreditar em uma visão falsa do mundo, da vida, das pessoas. É quando a mente mente. É o subterfúgio mais desonesto. É quando os desejos são tão fortes que estão muito além de nossa capacidade de superar a realidade, de nos superar.
Eu escrevo sobre ilusões já esperando que alguém discorde de mim. Mas peço que mergulhem na minha visão.
O sonho pode se tornar real, basta que nos esforcemos e que não desistamos, o sonho é semente que podemos plantar em solo fértil. A ilusão intoxica a mente e simplesmente não há solo que a receba. É o desejo do ser humano de modificar a realidade de acordo com seus anseios, atropelando os sonhos alheios.
O sonho é um direito, a ilusão, um egoísmo.
E quando a gente se permite viver esse egoísmo é o mesmo que colocar lentes grossas e erradas em nossos olhos, a mente distorce a vida.
Não minto e confesso que eventualmente me entrego a certas ilusões e sempre que isso acontece, o tempo me foge e colho um punhado de dor. Então tornam-se necessárias doses cavalares de realidade e isso dói.

Saber diferenciar um sonho de uma ilusão é como separar trigo do joio, tarefa ingrata que necessita cautela.
A poesia que trago hoje chama-se "Os sonhos do moço na janela", moço que se entregou e agora não-é.
Às vezes, acho que esse moço sou eu. Às vezes, acho que esse moço é a forma como eu vejo alguns amigos.

Os sonhos do moço na janela
Ilusões apareceram pela manhã:
ouvia sereias chamando
aquele convite sugestivo, sussurrado.

Nos lábios doces de veneno,
a voz melodiosa ressoava
E eu cedendo, me entregando
àquele prazer inefável, fora de mim.

Joguei-me num abismo
para nunca mais voltar
E por ironia do destino,
agora sou mar, sou mar.


- By me®

Continuo agradecendo a todos que vêm visitando o blog, deixando seus comentários cheios de luz, calor, alguns azuis, outros solares. Obrigado.

sábado, 21 de abril de 2007

Plenilúnio: quando alguém ilumina o imo.

Plurilógico vem à tona e junto suas poesias.
Como grande anfitrião que lhes apresenta a casa, escolherei uma poesia que classifiquei como pertencente ao Quarto e que coloquei na seção Bolha Íntima.

Acredito que todos nós estejamos na vida num grande processo de maturação. Maturação que se dá através das pessoas ao nosso redor, das situações que criamos. Tudo está para se encaixar num grande quebra-cabeça e esse é o mágico da vida: os conflitos, os questionamentos, as quebras, as novas configurações. Essa possibilidade de mudança em busca de um equilíbrio maior.
Estamos atraindo com nosso comportamento indivíduos que se afinizem com ele, espelhos d'alma. E vez ou outra temos a sorte de encontrar aqueles que conseguem refletir a luz que trazemos latente dentro de nós e nos ajuda a torná-la mais consciente em prol de nós mesmos e da vida.
Entretanto, como estamos todos buscando um equilíbrio maior, acontece dessas pessoas precisarem seguir outro caminho e então achamos nossa vida bifurcada, com uma luz a menos.
A poesia que trago chama-se "Plenílunio", que é o momento em que a Lua se encontra cheia.
Acho que "Plenilúnio" é uma espécie de carta a essas pessoas especiais que nos fazem imensa falta e como elas conseguiram fazer a diferença em nossas vidas, nos enchendo de luz, nos tornando grandes Luas.

Plenilúnio
Lua ensolarada fez hora no meu jardim
brincou com as borboletas,
encantou os pássaros.
Beijou as janelas, cheirou as flores.

Lua divertida visitou-me o coração
Inundou meus olhos, refratou os raios
de minha própria luz.
Agora sou arco-íris e ela?
Ela é toda-criança.

Lua madura ensinou-me a sonhar
Tornou-me espelho de um reino
Floresta rica em mistério

A lua foi-se embora velha
pronta pra renascer.
Cheia de mim mesmo e eu?
Fiquei vagando pela sala,talvez sem rumo, talvez eu mesmo.


- By me®

Além de pedir dicas valiosas, estou procurando formas de expandir a divulgação do blog. Portanto, vocês que visitam, divulguem para aquelas pessoas que gostem de textos e poesias.
Obrigado pela visita de todos.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Plurilógico: do sincretismo ao vigor da mente.

Desde o ínicio desse ano, em fevereiro pra ser mais exato, eu venho trabalhando um novo conceito em minhas poesias. Descobri a palavra "sincretismo" agora, mas já estava grávido de sua idéia desde quando voltei a fazer poesias.

Enquanto estive em Salvador, no período de férias (?), eu passei por situações difíceis que me fizeram dizer: "Basta! Salvador não tão cedo!" E a dificuldade dessas situações e a forma como elas me atingiam, começou a interferir nos meus poemas. O cerco se fechou de um jeito, que as idéias foram todas embora. Por mais que eu quisesse fazer um poema, não saía. Cheguei inclusive a me questionar se o que eu havia feito tinha sido um surto hehehe.
É como se as pessoas de Salvador tivessem colocado sobre mim determinado peso forte o suficiente para impedir a circulação do sangue para o corpo todo. De certa forma foi até bom, porque pude pensar em compilar, juntar todos os poemas que eu havia feito até ali e produzir uma obra poética. Eu cheguei inclusive a pensar em categorias para organizar os poemas e fazer algo bem feito e criativo, mas até essas idéias sumiram.
O título da obra ficou, mas a forma como eu ia organizar o interior da obra dissolveu-se na minha confusão de emoções e pensamentos e etc.

Dessa forma, nasceu "Sinestésico: para sentir mais, para sentir melhor" que é uma visão simplista sobre os poemas que produzi até o início de janeiro desse ano - quando ainda havia sangue nas veias.
Ou seja, eles estão todos lá, mas simplesmente estão, desordenamente, de uma forma pouco coesa.

Quando voltei a Recife e pude voltar minha atenção ao que realmente valia a pena naquele momento - o recomeço das aulas, a perspectiva de estar no 3º ano, meus amigos dos quais estava com saudade, meu quarto do qual eu estava morrendo de saudade, minha solidão - o peso se dissipou por si só, outras coisas ocuparam a minha mente e o sangue voltou a fluir. Mas, assim como acontece no corpo, não tive o movimento recuperado de forma imediata e sim bem aos poucos e com alguma dificuldade. Assim, minha inspiração começou a voltar.
Como já havia juntado, compilado todos os poemas anteriores, os poemas que viessem depois desse período improdutivo e difícil só poderiam pertencer a outro conjunto, a outro universo.

O título, que marca a idéia que reina nesse novo universo, é "Plurilógico: muitos em um todo, todos em um só".
"Plurilógico" traz a idéia do sincretismo, do amálgama, da grande mistura do mundo. É como se vozes diferentes, cada uma em seu tom, cantassem uma grande canção, mas ninguém se sobrepõe a ninguém, todos coexistem e se complementam. Além de trabalhar esse conceito, "Plurilógico" é uma declaração de amor às minhas idéias, mas não com uma intenção egocêntrica; é uma pessoa que ficou algum tempo sem produzir e voltou a fazer o que ela mais gosta, então ela de certa forma supervaloriza isso, mas não com ostentação: algo muito de si para si, invisível e que se processa no imo. É sangue correndo solto nas veias.
Para dividir bem os poemas de "Plurilógico", me baseei nos cômodos da casa, na idéia que cada um deles traz e na interdependência existente. Logo mais, vou estar publicando os novos poemas.

Obrigado a todos que lêem - poucas pessoas, eu sei... -, é importante pra mim de certa forma.