Esforço
Quando nesta época as coisas forem todas escuras
necessita-se de mãos de pura coragem
necessita-se de mãos imundas, imundas de vida
necessita-se varrer os escombros mais duros, as crostas mais antigas
necessita-se a sede - ah, como é necessária a sede fremente de verdade.
E só então tudo ressurge em completa luz.
Mas para tal, precisa-se de um quarto olho que nos dê mais do que nossa intuição mesquinha.
Um quarto olho, um olho que sonde e aceite a verdade impura de nossa alma.
Um quarto olho, um olho que entre no meio do redemoinho das coisas e, palpitante, revele e destaque a hora da pausa.
Um quarto olho, um olho que enxergue além da essência, porque, às vezes, o fundo da essência é duro.
E só então, exposta a verdade, a vida assuma-se sem pretextos.
8 comentários:
Quantos sentimentos expressos em suas palavras. Lindo e profundo. Gostei de passar por aqui.
Jacinta Dantas
Youri, tenho a impressão de que os homens andaram sempre em busca dessa vida de que você fala em seu poema. Mas não é fácil.
Grande abraço.
lindas palavras.....versos profundos tentando buscar a verdade...gostei muito das tuas letras hoje!
beijo
Yuri,
Gostei da sua crítica ao poema Traças Humanas no blog ...esperas. Há sempre essa possibilidade da redenção, mas o poeta às vezes e no mais das vezes escolhe o desfecho trágico para a sua história pessoal.
abrs,
Alexandre Core
Sempre que chego aqui, me esqueço de mim e fica a ler sua intensidade. Outro dia quando lia seus versos para o coletânea fiquei a imaginar o que vai por trás de tua mente, em tua alma para criar tais dizeres.
Profundo este teu sentir, as vezes fico a iludir-me com tua imagem. Tenho essa mania e olha, a ilusão é qualquer coisa de estranho...
Beijos
Olá Yuri, seu blog tem o aroma dos imortais... Sua poesia atravessa o espaço e o tempo. Que bom que através dos blogs da querida Lunna, passei a conhecer gente linda como você. Obrigada pela sua visita ao Letras de Morango - as criaturas fantásticas enviaram-lhe abraços. Beijos.
Querido Yuri, penso que precisamos dois dois, três, quatro e de todos os olhos da alma, para vislumbrar os mistérios mais sutis da existência com seus mil e um enigmas, e redescobrir, assim como revestir, todos os dias, a luz da vida, em nossa pele, visível e invisível! Beijos alados.
"imundas de vida..."
Quem poderia mostrar a verdade do que somos?
Esse quarto olho seria alguém ou algo? Algo como a POESIA?
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