Desde o ínicio desse ano, em fevereiro pra ser mais exato, eu venho trabalhando um novo conceito em minhas poesias. Descobri a palavra "sincretismo" agora, mas já estava grávido de sua idéia desde quando voltei a fazer poesias.
Enquanto estive em Salvador, no período de férias (?), eu passei por situações difíceis que me fizeram dizer: "Basta! Salvador não tão cedo!" E a dificuldade dessas situações e a forma como elas me atingiam, começou a interferir nos meus poemas. O cerco se fechou de um jeito, que as idéias foram todas embora. Por mais que eu quisesse fazer um poema, não saía. Cheguei inclusive a me questionar se o que eu havia feito tinha sido um surto hehehe.
É como se as pessoas de Salvador tivessem colocado sobre mim determinado peso forte o suficiente para impedir a circulação do sangue para o corpo todo. De certa forma foi até bom, porque pude pensar em compilar, juntar todos os poemas que eu havia feito até ali e produzir uma obra poética. Eu cheguei inclusive a pensar em categorias para organizar os poemas e fazer algo bem feito e criativo, mas até essas idéias sumiram.
O título da obra ficou, mas a forma como eu ia organizar o interior da obra dissolveu-se na minha confusão de emoções e pensamentos e etc.
Dessa forma, nasceu "Sinestésico: para sentir mais, para sentir melhor" que é uma visão simplista sobre os poemas que produzi até o início de janeiro desse ano - quando ainda havia sangue nas veias.
Ou seja, eles estão todos lá, mas simplesmente estão, desordenamente, de uma forma pouco coesa.
Quando voltei a Recife e pude voltar minha atenção ao que realmente valia a pena naquele momento - o recomeço das aulas, a perspectiva de estar no 3º ano, meus amigos dos quais estava com saudade, meu quarto do qual eu estava morrendo de saudade, minha solidão - o peso se dissipou por si só, outras coisas ocuparam a minha mente e o sangue voltou a fluir. Mas, assim como acontece no corpo, não tive o movimento recuperado de forma imediata e sim bem aos poucos e com alguma dificuldade. Assim, minha inspiração começou a voltar.
Como já havia juntado, compilado todos os poemas anteriores, os poemas que viessem depois desse período improdutivo e difícil só poderiam pertencer a outro conjunto, a outro universo.
O título, que marca a idéia que reina nesse novo universo, é "Plurilógico: muitos em um todo, todos em um só".
"Plurilógico" traz a idéia do sincretismo, do amálgama, da grande mistura do mundo. É como se vozes diferentes, cada uma em seu tom, cantassem uma grande canção, mas ninguém se sobrepõe a ninguém, todos coexistem e se complementam. Além de trabalhar esse conceito, "Plurilógico" é uma declaração de amor às minhas idéias, mas não com uma intenção egocêntrica; é uma pessoa que ficou algum tempo sem produzir e voltou a fazer o que ela mais gosta, então ela de certa forma supervaloriza isso, mas não com ostentação: algo muito de si para si, invisível e que se processa no imo. É sangue correndo solto nas veias.
Para dividir bem os poemas de "Plurilógico", me baseei nos cômodos da casa, na idéia que cada um deles traz e na interdependência existente. Logo mais, vou estar publicando os novos poemas.
Obrigado a todos que lêem - poucas pessoas, eu sei... -, é importante pra mim de certa forma.