Como uma forma de quebrar a linha altamente intimista à qual venho seguindo desde quando comecei a apresentar os poemas de Plurilógico, decidi trazer à tona uma poesia do Buraco da Fechadura (mais uma divisão de Plurilógico).
A idéia com a qual trabalhei no Buraco da Fechadura foi o instinto, os elementos que fazem parte de nossa vida, mas que preferimos não mostrar e que ninguém quer ver ou saber a respeito. É onde maquiamos o rosto cru e só então saímos para a rua.
Os demônios íntimos encontram seu lugar atrás do Buraco da Fechadura. A raiva, o ódio, as tonalidades fortes. Necessitamos dar essa grande descarga, não apenas pelos outros, mas por nós mesmos. Precisamos de um lugar para ser quem somos sem se preocupar com ninguém e deixar tudo isso apenas ali, sem trazer para os outros, para o mundo.
A poesia que trago hoje fala de raiva.
Senti tanta raiva quando fiz esse poema, que ele foi uma forma de escoar esse sentimento e digeri-lo, sem grandes agressões ao meu mundo íntimo ou à minha relação com essas duas pessoas. Simplesmente não achei justo o casulo que estava sendo criado, era muito cruel, muito egoísta. Muito sem-vida.
Monopólio de corações
Enquanto ele rouba o compromisso
Ela fica feliz e sorri e rodopia
Enquanto ele enfeita as manchas
Ela saltita no ar, formando triângulos de fogo
É perigoso, dramático, cheio de dor
Mas essa foi a forma que eles encontraram
de ornar a rosa com espinhos.
E sangra em demasiada agonia:
eles formam um circo serelepe
de eternos horrores
A raiva cresce, o egoísmo adia
mas eles estão de pernas pro ar:
E aí, e daí?
Há vida, não há?
É isso que importa.
- By me®
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