Esforço
Quando nesta época as coisas forem todas escuras
necessita-se de mãos de pura coragem
necessita-se de mãos imundas, imundas de vida
necessita-se varrer os escombros mais duros, as crostas mais antigas
necessita-se a sede - ah, como é necessária a sede fremente de verdade.
E só então tudo ressurge em completa luz.
Mas para tal, precisa-se de um quarto olho que nos dê mais do que nossa intuição mesquinha.
Um quarto olho, um olho que sonde e aceite a verdade impura de nossa alma.
Um quarto olho, um olho que entre no meio do redemoinho das coisas e, palpitante, revele e destaque a hora da pausa.
Um quarto olho, um olho que enxergue além da essência, porque, às vezes, o fundo da essência é duro.
E só então, exposta a verdade, a vida assuma-se sem pretextos.