Um moço na janela: miragens.
Continuando a lhes apresentar Plurilógico, como quem recebe hóspedes em casa humilde.
Ainda no Quarto, exploro a Bolha Íntima e sua estrutura frágil e efêmera.
A poesia que trago hoje fala de ilusões, miragens perigosas que à primeira vista nos chamam como sereias, mas que desaparecem quando nos julgamos estar perto de conquistá-las.
Sonhos são sonhos, são metas e projetos dos quais nos tornamos grávidos e ansiamos em torná-los reais, em materializá-los. O sonho, essa estrutura aérea, fluídica, que vaga no espaço-tempo, é controverso por ser o que há de mais coeso dentro de nós. É através dele que nossa intimidade finca os pés no chãos, se projetando no espaço da realidade. É mais do que importante sonhar: quem não sonha, não vive. Quem não sonha, não sabe o que são flores. Quem não sonha vive o duro e seco da terra, faz da própria passagem por esse mundo uma trajetória árdua, sem vírgulas, exclamações, interrogações, dois pontos, etc.
Ilusão é diferente. Ilusões são truques dos quais as mente se utiliza para se convencer e acreditar em uma visão falsa do mundo, da vida, das pessoas. É quando a mente mente. É o subterfúgio mais desonesto. É quando os desejos são tão fortes que estão muito além de nossa capacidade de superar a realidade, de nos superar.
Eu escrevo sobre ilusões já esperando que alguém discorde de mim. Mas peço que mergulhem na minha visão.
O sonho pode se tornar real, basta que nos esforcemos e que não desistamos, o sonho é semente que podemos plantar em solo fértil. A ilusão intoxica a mente e simplesmente não há solo que a receba. É o desejo do ser humano de modificar a realidade de acordo com seus anseios, atropelando os sonhos alheios.
O sonho é um direito, a ilusão, um egoísmo.
E quando a gente se permite viver esse egoísmo é o mesmo que colocar lentes grossas e erradas em nossos olhos, a mente distorce a vida.
Não minto e confesso que eventualmente me entrego a certas ilusões e sempre que isso acontece, o tempo me foge e colho um punhado de dor. Então tornam-se necessárias doses cavalares de realidade e isso dói.
Saber diferenciar um sonho de uma ilusão é como separar trigo do joio, tarefa ingrata que necessita cautela.
A poesia que trago hoje chama-se "Os sonhos do moço na janela", moço que se entregou e agora não-é.
Às vezes, acho que esse moço sou eu. Às vezes, acho que esse moço é a forma como eu vejo alguns amigos.
Os sonhos do moço na janela
Ilusões apareceram pela manhã:
ouvia sereias chamando
aquele convite sugestivo, sussurrado.
Nos lábios doces de veneno,
a voz melodiosa ressoava
E eu cedendo, me entregando
àquele prazer inefável, fora de mim.
Joguei-me num abismo
para nunca mais voltar
E por ironia do destino,
agora sou mar, sou mar.
- By me®
Continuo agradecendo a todos que vêm visitando o blog, deixando seus comentários cheios de luz, calor, alguns azuis, outros solares. Obrigado.